O Jogo da Vida, parte I
A torneira da poesia
por vezes fechada
faz-nos baralhar as cartas da vida
Exercícios humanos
Tarefa inglória!
Para jogar é necessário conhecer.
No jogo da vida
cada jogador
dita as suas regras
E no fim morre por si
Afoga-se no império do pensamento
de si e para si. É a vida. Ou não.
Recolhe, desiste, continua
Aposta todos os seus trunfos
Joga o que não tem
O que não sabe
Joga o que já soube
O que já sentiu
para descobrir, depois
Que o principal ás
é a descoberta da sua condição
A sua finitude
A sua perenidade disfarçada
Ausência de limitações dissimuladas.
Jogar o jogo da vida
É muito mais que jogar
É viver e pensar num só instante
É sentir o pensamento em todo o espaço
É comunicar dentro e fora do tempo.
Jogar o jogo da vida
É perder e ganhar por vezes sem saber
É esperar pelo resultado
Eternamente
e em cada fração de segundo
É perder e ganhar
e voltar a baralhar
É perseguir
É ser causa e efeito de uma causa
que nos causa e justifica
É ser causado e motivado
por todas as forças
humanas e não humanas.
Não pedimos para jogar
E não nos basta querer ou não jogar
Jogamos e somos os próprios dados
Lançados num tabuleiro de incertezas
que julgamos controlar.
Resta-nos jogar e perceber
Nunca jogamos sozinhos
O jogo da vida é sempre uma relação
do humano consigo próprio,
com o mundo
com o outro
O jogo da vida é,
acima de tudo, o jogo na vida.
—
Ivo Aguiar
Ver O Jogo da Vida, parte II:
https://aporiasdonada.com/poesia/o-jogo-da-vida-parte-ii/
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Sobre o Autor
Ivo Aguiar
Leitor omnívoro. Escritor independente. Filosofia, Poesia e Arte em Geral.