Num quarto vazio um amor infinito
Deixaste o quarto vazio
e uma esperança do tamanho do infinito
Pediste-me um poema
Não sei se consigo
Quando se ama verdadeiramente
A poesia
é apenas um suplemento
Se algum dia isto for um poema
tu és a sua força
No meu bolso trago uma cruz
que alimenta a minha fraqueza
Tu não tens bolsos – nem fraquezas
Apenas a coragem e uma bravura
que fazem invejar o melhor dos Deuses
Rasgas o Olimpo com a serenidade do Chaos que o criou
Costumo escrever sobre o tempo, sobre a vida,
sobre as palavras
Mas hoje o meu pensamento és tu
o teu rosto, o espaço que ocupas em mim
o tempo que sempre prometemos um ao outro
Estás cravada no meu corpo
até ao meu último átomo
visível e invisível
Daqui a pouco regressas
o meu olhar irá sempre contemplar-te
como um todo sem pressas
O amor não tem parte
Voltarás de um sono breve
com a energia de sempre
matarás o vazio do quarto
com a chave que rompe os silêncios
Deixarás em mim
o silêncio cósmico que transporto
sempre que penso
no meu amor por ti
—
Ivo Aguiar
Sobre o Autor
Ivo Aguiar
Leitor omnívoro. Escritor independente. Filosofia, Poesia e Arte em Geral.