O que falta fazer?

Na solidão da noite, onde apenas os acordes de uma Sonata iluminam parcas sinapses conscientes, pergunto-me muitas vezes: o quê? O que falta fazer?
Logo vem o nada e equilibra a justa balança da vida: de um lado o fervor da consciência inquieta; do outro, o silêncio da escuridão. Água na fervura. Não há nada como um elemento primordial para acalmar a fervura de uma consciência. Tento tomar o caminho do nada, mas não consigo. O espanto ultrapassa-me e, logo de seguida, não obtendo resposta ao que falta fazer, logo me alegro, pois no dia em que encontrar a resposta virá repentinamente outra pergunta: como? Como fazer? Retrocedo e fixo-me novamente no que falta fazer… Esta é uma pergunta vital que paira na consciência perante os momentos de silêncio e de encontro do humano consigo próprio.

A sociedade actual habituou-nos à ausência do silêncio. O cumprimento das tarefas quotidianas abre-nos a autoestrada de uma falsa liberdade que evita este tipo de questões. Aliás, no seio da voracidade que nos “consome” não resta senão a estranheza perante tais pensamentos a evitar…

Voltando à questão resta apenas a questão: o que falta fazer?


Ivo Aguiar

20746

Sobre o Autor

Ivo Aguiar

Leitor omnívoro. Escritor independente. Filosofia, Poesia e Arte em Geral.

Adicionar um comentário

*Please complete all fields correctly

Publicações Relacionadas