Declaração de princípio.
Quando iniciei este projecto de arquivo pessoal, as Aporias do Nada, tentei ser o mais significativo e explícito possível: um local para abordar temas de sempre, longe do estilo jornalístico e da divulgação da actualidade. Assistir à publicação de um pequeno ensaio cujo título se baseia na Nova Ordem Mundial (2025-…) parece, de facto, contraditório dada a pretensão universal e intemporal assumida, inicialmente. Penso muito nisto e pretendo esclarecer nesta declaração de princípio que, efectivamente, não é uma contradição. Quando vejo indivíduos que me são próximos, venderem a sua liberdade a toda uma estrutura política populista e que tem como principal objectivo o esvaziamento da liberdade individual, então o problema deixou de ser um problema do aqui e agora, para ser um problema universal e intemporal. A liberdade de cada um e a forma como, em todas as épocas devemos lutar por ela, é um assunto que DEVE ser inerente a todos aqueles que instalados ou não no conforto da sua reflexão se cruzam, na actualidade, com esta temática. É muito provável que todo o leitor deste pequeno ensaio tenha nascido numa ordem mundial de paz social instalada e fomentada no pós Segunda Guerra Mundial, uma ordem mundial que, termina agora em 2025 e que teremos a oportunidade de perceber porquê.
A Nova Ordem Mundial aqui mencionada tem origem em todas as políticas e declarações pronunciadas pelo recém-eleito Presidente dos EUA, D. Trump. Em pouco mais de 2 meses todas as acções e intenções manifestadas por este personagem eclodiram num efeito de causalidade tal que podemos presumir estar perante uma nova ordem mundial. O universo dos países aliados pelas vicissitudes da Segunda Grande Guerra ruiu. Estamos perante a maior mudança geopolítica desde 1945. A incursão do vice-Presidente Americano JD Vance por alguns países europeus culminou com o discurso de Riade, em 14 de Fevereiro de 2025, onde deixou claro que os EUA deixaram de fazer parte do bloco aliado de países que fazem parte do grupo das democracias liberais. São vários os factos que demonstram esta presunção:
• O principal inimigo dos EUA deixou de ser a Rússia, deixou de ser a China e passou a ser a Europa. A Rússia, sob o comando do seu líder Vladimir Putin, no comando do poder há mais de 25 anos deixou de ser vista como uma ditadura. Putin deixou de ser visto como um agressor que invadiu um país soberano europeu. À luz da narrativa do novo líder Americano, “Putin está a fazer um excelente trabalho”, e a Ucrânia deve iniciar imediatamente a sua rendição em nome da paz;
• O Eixo-Atlântico fortemente alimentado nos últimos 80 anos acabou. O Artigo 5º da NATO passou a letra morta. Os EUA ameaçam, hoje, invadir territórios cuja autonomia e soberania estavam, teoricamente, protegidas pela Organização do Tratado Atlântico Norte. A única via democraticamente estável para um eixo atlântico parece residir no Canadá. A NATO passou a ser um instrução de garantia de segurança do passado;
• O silêncio da oposição na América é ensurdecedor. Implementa-se nos EUA de forma abrupta um regime de opressão da oposição. Os generais do Pentágono estão a ser despedidos paulatinamente. O poder do Pentágono está a ser desactivado pelos tecnocratas de Silicon Valley encabeçados pela poderosíssima máquina de poder do não eleito, mas elegido, Elon Musk. A sua principal missão é a “limpeza” da administração pública, quem sabe para estender depois esta base de higienização a outras dimensões sociais e geográficas;
• Não é apenas a Europa que passou a ser o inimigo número 1 dos EUA, mas sim, e essencialmente, os seus valores fundadores e fundamentais inscritos na base das democracias liberais que ali se alicerçam. O regime tecnocrático americano neste momento colou-se, discursivamente ao lado do poder das ditaduras. Os blocos políticos internacionais organizam-se em função dos valores. As democracias liberais, fundamentadas no princípio da independência e separação dos poderes e poder do Estado de Direito e de Lei perante a vontade subjectiva do indivíduo (ou grupo), parecem ser, neste momento, tudo aquilo que Trump e todos os seus pupilos estão a atacar;
• A nova administração Trump reconhece que o poder dos EUA no mundo destacar-se-á se o mapa de influência geopolítica estiver tripartido entre 3 impérios: o Chinês, o Russo (ou Soviético) e o Americano. Os EUA vão tentar, com a nova administração, implementar uma lógica de poder baseada no imperialismo soviético. Esta atitude atirará a Europa para uma situação aflitiva, mas constitui um golpe de mestre do ponto de vista da geoestratégica americana. A Europa corporaliza ainda um conjunto de valores democráticos que não se compaginam com a auto-tecno-cracia vigente nos EUA. JD Vance deixou isso claro no discurso de Riade. Ao desprezar a Europa Trump acaba por legitimar a invasão da Ucrânia criando uma sensação de desfragmentação do continente Europeu que parece encurralado na indecisão entre o extremismo do imperialismo americano e o extremismo do imperialismo russo. O assumido e consecutivo apoio aos partidos de extrema-direita europeus é a prova da necessidade que os EUA têm em dinamitar a Europa por dentro;
Uma imagem, por vezes, vale mais do que mil palavras. As políticas e as preferências de Trump poderiam ser analisadas à luz das imagens que a sua administração escolhe. Recentemente, o Instagram oficial da Casa Branca, publicou uma imagem que é ilustrativa do quão a velha América Liberal está, actualmente, muito próxima das monarquias absolutistas totalitárias.
Esta imagem é um resumo estético da forma como a política é hoje encarada nos EUA.
O mundo mudou, a Europa caminha para uma solidão em torno de si mesma. Este é o trigger-point que a Europa necessitava para despertar. A Europa dos valores adormeceu sobre si própria. O seu privilegiado silêncio, que lhe permitiu uma paz duradoura durante os últimos 80 anos, acabou. Talvez o único facto positivo da nova tecnocracia americana tenha sido o despertar definitivo de uma Europa envelhecida. A Europa dos valores deverá ser sempre a Europa dos valores, mas esta deverá estar alicerçada e sustentada em pré-requisitos geoestratégicos que garantam a sua defesa e prosperidade não apenas dos inimigos internos como também das ameaças externas. Para isso, a militarização do seu território é, hoje, uma necessidade premente. O reforço do poder militar europeu só faz sentido fora da esfera da NATO. Mas isso, como vimos, parece ser uma evidência. O mundo mudou e devemos preparar-nos para a guerra.
Da Autocracia à Oligarquia Plutocrata. A importância desmedida dos dados.
Há muitos anos que tenho a percepção da violência silenciosa que existe por trás da presunção da existência das redes sociais. É hoje um dado factual evidente que, para além da dependência atroz que as redes sociais causam em todas as camadas da população que as usam e alimentam e que criam graves e contínuos problemas de foro psicológico e social, estas redes são, hoje, a base do poder instaurado pelo regime tecnocrata da Administração Americana. Habituamo-nos ao discurso da tradição de poder americana que se sustentava na ideia: “primeiro conquistar a América, para depois conquistar o mundo”. Trump, de uma forma visionária ou não, teve a percepção que este princípio devia ser invertido para alimentar a sua futura máquina imperial. Desta forma, na sua teia de poder executivo brilham todos seus pupilos aliados: um grupo de multibilionários que formam a cúpula do poder plutocrata mais pornográfico da história: Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos separados apenas por um indiano, Sundar Pichai, juntos pelo poder na tomada de posse do 47º Presidente dos Estados Unidos. Todos renunciaram um pouco de si e de alguns do seu próprio pensamento para poderem, agora em conjunto, alimentar a nova máquina imperial americana. Desta forma, os plutocratas conquistaram o mundo, nos último 10 anos e agora Trump, colhendo-nos na sua teia, conquistou a América. E com esta conquista governará os próximos 4 anos de forma imperial, arbitrária e errante.
Clara Ferreira Alves, num habitual comentário na SIC Notícias, no programa Eixo do Mal, deixou claro e evidente o ponto de situação do mundo em que vivemos e cujo problema reside efectivamente no poder desmedido que as redes sociais assumem sobre o ser humano, não apenas do ponto de vista psicológico, como também do ponto de vista político. Há muitos anos que escrevo contra este crescendo oligárquico cujos riscos outrora evidentes tomaram agora o poder. Segundo a jornalista: “O que se passar nos EUA é um golpe tecnológico, servido por uma nova ideologia (que não é um nazismo), mas que é uma ideologia totalitária (não autoritária) que se baseia sobretudo na captura de dados”. Para os novos plutocratas, a democracia não serve a humanidade. “O que serve a humanidade é um novo sistema em que as pessoas são servidas pela tecnologia e a sua liberdade de pensar é substituída pala ideologia do pensamento único preparado. As pessoas são utilizadores e fornecem os dados sendo que os dados são a base deste sistema de controlo absolutista da identidade de cada indivíduo”. O conceito de inimigo ou preso político deixa de ser uma questão: num futuro breve as pessoas nascem já capturadas (Submersas para usar o título do livro de B. Patino) dentro da teia que elas próprias alimentam. “A única maneira de resistir a isto seria a Europa fechar imediatamente todas as redes sociais. Ninguém na Europa estaria disponível nomeadamente as gerações mais jovens, a aceitar este pensamento como uma premissa válida na vida de cada um pois já nasceram debaixo do manto tecnológico”. Retirar um adolescente das redes sociais, actualmente, é como retirar o cristianismo a um plebeu nascido na alta idade média, ou mais fácil ainda de comparar, é como retirar a cocaína ou heroína a um dependente destas substâncias.
Uma coisa é certa: de forma visionária ou não, a nova ordem internacional ficará para a História das Ideias Políticas como um marco único na história do pensamento. Nesta nova autocracia, o ser alienado defenderá como nunca o sistema que o aliena. Exigir a um europeu que abandone as redes sociais em nome de uma nova ordem mundial favorável para a Europa é como dizer a um milionário para entregar voluntariamente a sua riqueza a uma instituição de caridade. Isto constituiu um grave problema para a Europa. Está provado que o algoritmo de Silicon Valley está mais do que capacitado pela influenciar uma margem muito significativa das eleições em todos os países onde proliferam as redes sociais. O mesmo é dizer, em todo o mundo. Para um indivíduo da Geração Z ou Y (Millennials) com idade compreendida entre os 28 e os 30 anos de idade, Trump foi eleito pela primeira vez há 10 anos, ou seja, quando tinha certa de 18 / 20 anos. Não conheceu mais nada, do ponto de vista político, a não ser os binómios da dialéctica exclusiva que pautam a fissão atroz entre Democratas e Republicanos. É esta clivagem, essencial ao poder de Trump que interessa alimentar e intensificar.
Como se pode converter um cidadão num user ao serviço da tecnocracia?
O cidadão já o tinha deixado de ser. O cidadão americano perante as urnas de voto vê-se mais como um agente económico do que como um cidadão. Pela campanha de eleições da Presidência dos EUA ficou notório que o povo americano prefere eleger um líder que represente um conjunto de valores assentes em vectores económicos em detrimento dos valores sociais conquistados pelo liberalismo da sua democracia.
A evolução dos primeiros dias de presidência de D. Trump revelou que mais do que um agente económico, o indivíduo (na concepção individualista apresentada pelo empirismo político do século XVII) é, acima de tudo, um utilizador tecnológico (user).
O indivíduo, per si, além de não saber o que significa a liberdade, vangloria-se de não a desejar, pois o seu ser é trocado, (in)voluntariamente pelo dados que produz e consome. O eu, racional do iluminismo é agora o user convocado a todo o segundo numa qualquer rede social.
Os dados são, agora, a mercadoria mais valiosa da nova ordem mundial instaurada pelos novos governos absolutistas que vão desde os EUA, à Argentina, passando obviamente pela Rússia e pela China. A grande diferença é que para combater a lógica unipolar da informação de propaganda, a Rússia e a China, já perceberam esta tendência há mais de 10 anos e proibiram que o seu povo fosse, hoje, vítima desta demanda. Na Europa, em nome da democracia, proibir nunca foi uma questão. Agora, para se quer manter viva, enquanto democracia liberal, irá travar uma luta titânica com o seu próprio povo para lhe demonstrar o quão agrilhoado está pelo simples facto de existir. Dados recentes demonstram que a Geração Z, que tem neste momento entre 15 e os 27 anos, passam mais de 5 horas por dia online nas redes sociais.
Como se constroem os dados??? Que dados interessam neste momento?
Ora a corrida pelo dados é talvez a grande corrida do século XXI. Os dados são criados a todo o segundo pela interacção que todos os utilizadores de redes sociais efectuam uns com os outros. As redes sociais são o vínculo universal dos dados na actualidade e por isso, o Sr. Zuckerberg (Facebook, Instagram e WhatsApp) e o Sr. Musk (X, ex-twitter) aparecem como peças chave no novo governo absolutista americano. Depois de criados ou gerados, é necessário armazená-los e é aqui que entra o Sr Bezos através da maior Secure Cloud do mundo, Amazon Web Services (AWS). Ora, se já temos os dados, já os conseguimos armazenar e já detemos o inconsciente estrutural de todos aqueles que os alimentam (os utilizadores) através de ferramentas que promovem uma relação química e fisiológica entre os indivíduos e o seu próprio comportamento – dopamina (neurotransmissor monoaminérgico) – só falta mesmo uma peça fundamental neste triângulo da prefeitura tecnológica: a forma como os dados são apresentados relativamente a quem os procura. Actualmente, esse trabalho é efectivado pelos chatbots disponíveis sende o mais famoso à cabeça, o ChatGPT, da OpenAI. Como o novo rei desta monarquia não pode adquirir directamente esta empresa, dirá ao seu pupilo directo Elon Musk, “vai lá falar com o Sr. Sam Altman e compra lá aquela porra que nos falta aqui no puzzle”. Até quando Altman resistirá às ofertas de Musk?
Como facilmente se pode perceber, a nova ordem mundial está directamente afectada por esta triangulação tecnológica de Silicon Valley.
Ignorando ou simplesmente existindo, um europeu nascido depois da década de 90 submerso desde a sua adolescência nesta existência bipolar entre o mundo real e o mundo virtual das redes sociais, nascido coberto desde o primeiro dia pelo manto tecnológico das redes sociais, nem se apercebe do poder que alimenta diariamente.
Eu, pessoalmente, iniciei a consciência destes factos há mais de 6 anos retirando-me voluntariamente de todo este universo de alienação contínua do ser humano às leis da técnica. Começa a ser cada vez maior o número de pessoas que seguem esta tendência, mas trata-se de uma insignificância preocupante. Convido todos os Europeus ao maior desafio de liberdade possível no nosso século: “És livre de abandonar as Redes Sociais, de uma só vez?”
Infelizmente, do lado da Europa, está cada vez mais perto o anúncio de necessidade de Guerra dirigido aos jovens. Queres defender a Europa e colocar-te na linha da “Frente das Trincheiras” de uma Europa a militarizar-se? Ou queres abandonar (in)voluntariamente as Redes Sociais? Esta parece uma comparação descabida, mas a exploração da dialéctica discursiva que a alimenta está cada vez mais claramente definida.
Num outro registo interessa destacar a visão do jornalista português, Pedro Nascimento, em entrevista ao Podcast Gabinete de Guerra da Rádio Observador. Em resumo, Pedro Nascimento destaca o perigo real de determinados líderes chegarem ao poder, referindo-se obviamente a D. Trump. “Uma coisa é baixaria outra coisa é não ter o mínimo de cultura para poder exercer o poder.” O populismo assumiu o controlo do discurso e Trump e JD Vance não têm qualquer noção da responsabilidade que os EUA têm no mundo, nem respeito pelos valores que construíram a tradição democrática americana. Referindo-se ao episódio da recepção a Zelensky na Casa Branca fala-nos numa “demonstração da brutalidade política que envergonha” toda a tradição democrática americana. Mesmo quem nunca seguiu a política internacional ou a Guerra na Ucrânia olhou para esta cena e sentiu que algo está profundamente errado. Pedro Nascimento faz mesmo um Paralelismo com episódios no prelúdio da Segunda Grande Guerra: em Março de 1939, o presidente da Checoslováquia Emil Hachá foi chamado a Berlim para uma reunião com Hitler sendo-lhe transmitida a ideia de que se não aceitasse a ocupação alemã, Praga seria imediatamente bombardeada. Os nazis eram uma força invasora. “Trump fez pior. Supostamente ele não é um invasor, é um aliado. O que esta administração está a fazer é uma versão moderna do Pacto Molotov–Ribbentrop, fazendo da Ucrânia a Polónia do século XXI.” A assinatura do acordo que Trump queria impor não seria um acordo de Paz, seria a perpetuação da Guerra pois daria a Putin o tempo necessário para se rearmar e continuar a investida de anexação da Ucrânia, consolidando aliás o território já conquistado com o início da invasão. Resta-nos apenas um lado positivo, já destacado aliás: este é o momento ideal para o despertar a Europa. Os europeus não podem estar dependentes de um aliado instável onde a extrema-direita toma o poder de forma aleatória. A postura de Putin acaba por honrar a tradição czarista do poder. Putin é fruto de um produto da história da Rússia: ele encaixa na perfeição na tradição autocrática dos czares e do poder centralizado. A postura de Trump desonra toda a tradição de presidentes que lhe precederam, excepto ele próprio entre 2016 e 2020. Tradicionalmente, os EUA defendem os seus aliados e não cedem, por nada, perante tiranos. “Trump está a rasgar o legado dos presidentes que governaram os EUA em nome da liberdade. Esta tradição com o episódio de Zelensky na Casa Branca foi quebrada de uma forma humilhante. Isto é um alerta para todos os países que ainda acreditam no Ocidente e nos seus valores democráticos. A Europa tem de ir mais além e de converter a sua posição numa capacidade de mostrar ao mundo que o golpe americano tem limites.” Estamos perante a putinização da américa.
A putinização da América não é apenas uma traição à Europa é, antes de tudo, uma traição aos princípios democráticos e liberais que fundaram e constituíram os EUA. Que a Europa não caia nos mesmos erros e levante a voz num só tom contra estes tiranos é a única solução.
2 meses de factos objectivamente consumados:
• Deportação massiva de emigrantes ilegais, algemados, como se constituíssem uma massa criminosa de terroristas activos;
• Fim do direito à cidadania de qualquer criança que nasça em território norte-americano, mesmo que tenha pais imigrantes em situação ilegal. Este direito está consagrado na 14.ª emenda da Constituição norte-americana;
• Anúncio que os EUA vão abandonar a Organização Mundial de Saúde (OMS) durante os próximos 12 meses, devido à gestão da pandemia da Covid-19;
• Trump assinou uma ordem executiva que suspende por 75 dias a proibição da rede social TikTok, que devia ser desligada nos Estados Unidos a 19 de Janeiro;
• Promoveu o indulto logo no primeiro dia em funções, tal como tinha prometido durante a sua campanha eleitoral: “Isto é para 6 de Janeiro, para os reféns, cerca de 1.500 pessoas que serão completamente perdoadas”, disse Trump, ao assinar o decreto na Sala Oval da Casa Branca, acrescentando que o perdão irá incluir comutações de penas. “A decisão surgiu horas depois de cerca de 50 membros da organização ultranacionalista ‘Proud Boys’ terem marchado pelas ruas de Washington exigindo a Trump o perdão dos seus membros presos devido ao ataque contra o Capitólio.” (SIC-Expresso). D. Trump falou mesmo em “reféns” para designar os condenados por uma das páginas mais negras da história da democracia norte-americana;
• Trump manifesta, diariamente, o desejo que “comprar” a Gronelândia: “A Gronelândia é um lugar incrível e o seu povo, se e quando se tornar parte da nossa nação, vai beneficiar imenso. [Vou] tornar a Gronelândia grande outra vez”, escreveu na Truth Social, após o seu filho Trump Júnior ter visitado a ilha de 2.166.000 quilómetros quadrados, situada entre o Atlântico Norte e o Oceano Árctico. Todas estas declarações antecedem o momento em que os habitantes deste território vão a votos para decidir o futuro da sua possível independência.
A dimensão da Gronelândia é relevante quando fomos habituados desde a infância a visualizar mapas destorcidos do ponto de vista geográfico em função do poder e localização dos países que o lhe dão corpo. Trump diz que quer este território geoestratégico “para fins de segurança nacional”, é “uma necessidade absoluta”. No entanto, naturalmente “a Gronelândia não está à venda”, fez saber o primeiro-ministro da ilha, Mute Egede, numa publicação no Facebook. “A Gronelândia é nossa. Não estamos à venda e nunca estaremos”, vincou. A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, sublinhou igualmente que a ilha “pertence aos gronelandeses” e “não está à venda”.
• Paralelamente, D. Trump insiste que o Canadá deveria tornar-se o 51.º estado dos EUA;
• Trump decretou a alteração do nome do Golfo do México para Golfo da América. Horas depois a plataforma Google consumou a alteração na sua base de dados:
• Trump manifestou o desejo de controlar novamente o Canal do Panamá. “criticou o acordo assinado pelo então Presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter (democrata) que transferiu o controlo deste curso de água artificial para o Panamá há 25 anos, em 1999”. Isto, logo após as exéquias fúnebres do Presidente Carter;
• Segundo D. Trump, “Putin está a fazer um excelente trabalho na Rússia” e “Zelensky é um ditador, não eleito democraticamente pelo povo” (por oposição a Putin que é “eleito” “democraticamente” pelo povo há 25 anos consecutivos;
• Pela primeira vez, desde o fim da Segunda Guerra Mundial e da criação da ONU, os Estados Unidos votaram ao lado da Federação Russa, contra os seus aliados europeus e da NATO;
• Episódio de Zelensky na Casa branca: “um homem sem fato” e “um fato sem homem”. A importância de Vence no diálogo com Zelensky quando lhe pergunta se já agradeceu ao Povo Americano a ajuda fornecida. A CNN Internacional recolheu pelo menos 33 declarações e publicações na rede social X de V. Zelensky em que o líder agradeceu aos Estados Unidos pelo apoio que têm demonstrado ao país, com a primeira das publicações a datar de Janeiro de 2022, praticamente um mês antes da guerra. As contas da CNN não contabilizam as declarações que o Presidente terá feito em ucraniano ou para a comunicação social do seu país. Zelensky não se terá recordado sequer da quantidade de vezes que agradeceu ao povo americano quando discursou no Congresso em Dezembro de 2022 levando a um aplauso unânime de toda a sala composta pelo democratas e republicanos. Forçar Zelensky a assinar um acordo sem garantias é OURO sobre azul para Putin ganhar tempo e rearmar as forçar militares russas para continuar o trabalho de anexação da Ucrânia;
• Seleccionar os jornalistas que podem entrar e fazer perguntas na casa branca: silenciar jornalistas é o indicador unívoco que os EUA resvalam para uma ditadura. Não acredito que este país enquanto estado desagúe numa ditadura à maneira de Putin, mas que implementa a passos largos uma autocracia inspirada no espírito imperialista de Moscovo, disso não tenho qualquer dúvida.
• Apoiar de forma anunciada e deliberada partidos da extrema-direita europeus, incluindo alguns, assumidamente neonazis, como a AFD, na Alemanha. Todos estes apoios confluem com gestos e comportamentos execráveis como são exemplo a saudação nazi que Elon Musk fez no acto solene de tomada de posse da Administração Trump e os consecutivos insultos que desde essa data tem proferido ao então actual Chanceler Alemão Olaf Scholz. A forma como Musk age politicamente está ao nível de uma criança adolescente sem qualquer formação política. Apesar disso, JD Vance não é um ignorante político a maneira de Musk. Vance tem consciência de que a principal ameaça da Europa está no interior de si mesma. Serão os sucessivos governos de extrema-direita europeus, eleitos pela porta do sistema liberal democrático que irão colocar fim a todo e qualquer conceito de liberdade na Europa. Cada voto na extrema-direita europeia é hoje um tijolo que alimenta o totalitarismo antiliberal encabeçado pelo governo plutocrata de D. Trump e de toda a sua tropa oligárquica não eleita. É triste perceber, que, pela alienação informativa e demagógica impulsionada e alimentada pelas redes sociais, estamos a substituir os valores liberais europeus por um novo sistema imperialista onde só cabem 3 impérios: o Russo, e Chinês e o Americano. Terá o Europeu comum, colado a cada segundo ao algoritmo das diversas redes sociais que sustenta a sua existência, consciência de que o seu comportamento, por acção ou inacção é a base da destruição da Europa e de toda a concepção democrática liberal que esta ajudou a crescer?
Preocupações de índole filosófica e metafísica.
Cheguei à política por via da Filosofia. Não tenho tradição familiar de envolvimento em qualquer quadrante político. A minha tradição familiar assenta na crença do trabalho como forma de superação individual e na superação que a fragilidade desta tese possa ter numa síntese dialéctica baseada no amor pela família e pelo ser humano quando constituído na sua integridade física e psicológica. Isto nunca me foi explicado, foi apenas vivido diariamente e essa é a pedagogia mais significativa que o ser humano pode ter. Sem qualquer tipo de filiação ou amizade político-partidária, pautei a minha formação em Filosofia por uma enorme curiosidade política. A política, desde cedo, me pareceu uma arte nobre do humano poder exercer o seu pensamento e a sua acção. Felizmente iniciei a minha viagem pelos clássicos nas só da antiguidade (República de Platão e Política de Aristóteles) mas também da modernidade (Maquiavel, Erasmo, Morus e Hobbes). Termos que, hoje em dia, são usados na selvajaria do discurso, como fundamentação do estado pelo seu valor absoluto, a autonomia da política, o humanismo necessário e o ideal pacifista, a afirmação do poder civil, a soberania e os fundamentos do direito natural, as teorias do contracto social, etc… são tudo matérias que de uma forma lenta e saudável foram aprofundadas por mim em obras de leitura obrigatória para quem deseja perceber os fundamentos dos discursos políticos: O Príncipe, Os Dois Tratados de J. Locke, a Utopia de Morus, o Elogia da Loucura de Erasmo, o Contracto Social de Jean-Jaques Rousseau. Tudo isso alimentou uma vontade profunda de querer perceber a actualidade, mas a minha actualidade de outrora era vigente um período de paz social, consequência de um eixo transatlântico forte e estável em termos internacionais e de um regime pós 25 de Abril a celebrar a sua maioria de idade onde os focos antissistema se anunciavam de forma minimamente democrática pelo crescimento de um partido de esquerda chamado Bloco de Esquerda. Foi neste caldo cultural que alimentei leituras indetermináveis de autores com relevância política como Kant e, essencialmente, Hegel. Tocqueville, Bentham e S. Mill preparavam os pressupostos filosóficos do liberalismo e do utilitarismo colocando na ordem da discussão temas como a fé no progresso, na ciência e na natureza como modelo de ordem social. Com Marx e Engels assistimos à primeira grande crítica à economia como fundamento da política. Conceitos como alienação são agora descritos com uma clareza que mesmo o espírito mais radical de direita é obrigado a compreender. Socialismo e outras utopias são apresentadas como respostas à força do trabalho alienado. E daqui ao totalitarismo vai um passo muito pequeno, não apenas à esquerda como à direita. Arendt desconstrói e tenta edificar alguma esperança numa outra Condição Humana. J. Rawls do outro lado do Atlântico, que na altura tão exemplarmente acolheu Arendt, propõe uma nova Teoria da Justiça, uma obra ímpar que promove um desejo de superação dialéctica de muitos dos perigos antagónicos com que o mundo alguma vez se tinha deparado.
Em momento algum senti que os perigos da história estudados pela cronologia das ideias se pudessem repetir. Hoje não posso dizer o mesmo e com este ensaio pretendo fundamentar a minha posição e deixar claro que o silêncio de outrora jamais poderá ser a garantia de paz que vivemos nos últimos 80 anos. O silêncio, a não envolvência, a não implicação dos discursos foi sendo assegurada por uma ordem política de estabilidade democrática. Não estou a querer esconder nem julgar que esta estabilidade política não tenha desaguado em graves crises de instabilidade económica, social e financeira. No entanto, em momento algum, o Ocidente provou de forma clara e evidente o perigo das suas crises circunstanciais (nomeadamente de cariz económico) desaguarem numa crise de estabilidade democrática. A realidade mudou, e Trump personifica o perigo de uma nova ordem mundial. O privilégio do silêncio de outrora a manter-se conduzir-nos-á a um novo sistema político internacional onde o liberalismo democrático será paulatinamente substituído pelos regimes imperialistas onde vinga a ordem da tirania, da autocracia e, em última instância, da plutocracia oligárquica. É urgente começar a falar, é urgente a pedagogia escolar, é urgente nunca esquecer os valores democráticos sobre os quais fomos educados e pelos quais desaguamos até na sua ausência. A ordem estabelecida nos últimos 80 anos, está a cair e, daqui a nada, quem não encarneirar no espírito imperialista da extrema-direita poderá ver silenciado o seu próprio silêncio. Não tardará ansiarmos a estagnação democrática contra a qual as autocracias de hoje fundamentam as suas posição políticas.
A tecnocracia americana aliada com a putinização da américa são o caldo perfeito para a Europa iniciar a perda da sua Liberdade e Autonomia Cultural. E contra esta tendência não devemos silenciar-nos.
Assistimos, sem qualquer vergonha e pudor, à proliferação de um mundo governado por aquilo que podemos chamar de regime pós-verdade, em que um argumento pode ser defendido de manhã e o seu contrário durante a tarde desde que o seu defensor demonstre indiferença e alguma ignorância perante o contraditório. As regras básicas da lógica predicativa e proposicional ensinadas nos mais elementares anos de Introdução à Filosofia de nada valem num mundo governado pelas emoções das imagens e dos pequenos frames. A palavra, a semântica e a dialéctica estão, hoje, ao serviço da lógica monetária dos oligarcas que lentamente chegam ao poder de forma directa e/ou indirecta. Se a isto juntarmos o clima de alienação contemporânea vivenciado na existência virtual mas autêntica de cada um, então temos as condições perfeitas para reivindicar sempre os princípios basilares das democracias contemporâneas que ajudamos a fundar.
Recentemente, no dia 25 de Fevereiro de 2025, o Presidente Francês Emmanuel Macron desmentiu presencialmente o Presidente dos EUA, D. Trump, trocando, pacificamente a mentira do seu discurso pela verdade dos factos políticos. Trump corporalizou na perfeição aquilo que acima apelidamos de regime pós-verdade, respondendo-lhe: “se você acredita nisso, por mim, tudo bem.” A postura filosófica de Trump perante a verdade, ou um simples desmentido, desagua numa profunda posição de relatividade ética onde tudo vale. A verdade deixou de ser um mecanismo de combate à mentira. No regime de pós-verdade, a assunção da verdade no discurso deixou de constituir um pressuposto. Desde que o público continue fiel à lógica imperialista da imagem do líder e lhe continue a venerar a popularidade, a verdade pouco ou nada importa perante toda a qualquer oposição. Não é de estranhar, por isso, que Trump e toda a sua ideologia se tenha deliberadamente colado ao discurso populista de movimentos como o QAnon e outros de índole e inspiração divinas. Com o apoio de Deus, nenhum argumento humano pode ser combatido. A lógica da verdade está agora próxima da lógica inquisitorial e longe da lógica do discurso, da retórica e da argumentação onde 2 seres humanos são considerados igual perante a palavra. Vale a pena assistir ao resumo deste encontro onde se analisam também os sinais da linguagem verbal e não verbal dos 2 Presidentes:
Hipóteses de acção (não são aporias infelizmente, são apenas pinceladas disfarçadas de formas de existir plurais).
• Consciencializar os cidadãos europeus do perigo efectivo que a utilização das redes sociais pode provocar no funcionamento integral das instituição democráticas europeias. Tal como vimos acima, abandonar as redes sociais é uma medida simples do ponto de vista militar, complexa do ponto de vista social e psicológico, mas que traria vantagens imediatas no decurso do posicionamento da Europa perante as diversas potências mundiais.
• Criar uma alternativa europeia à Redes Sociais. Se D. Trump, no tempo em que esteve bloqueado nalgumas plataformas teve a possibilidade de criar a sua própria rede social, não tem a Europa capacidade tecnológica e financeira para criar um sistema eficaz de comunicação social digital de forma a competir directamente com as redes agrilhoadoras de Silicon Valley??? As redes sociais, como já várias vezes mencionei, são hoje a expressão perfeita do universo alienado. Se necessitássemos de rescrever o Livro VII da República de Platão, onde o filósofo de forma sábia nos dá a conhecer a Alegoria da Caverna, não encontraríamos melhor forma de explicar a alguém o que é estar, hoje, na caverna de Platão. É importante, todavia, perceber que a alienação provocada pelas redes sociais, é ligeiramente diferente da alienação provocada pelas relações laborais do século XVIII. Actualmente, o único meio de expressão do ser alienado (redes sociais) é controlado e propriedade do ser alienante. Mais do que isso: o ser alienado pensa que o seu meio de expressão é efectivamente um instrumento de liberdade infinita e vai defender o ser alienante até ao limite das suas forças. Estamos perante algo novo do ponto de vista da fundamentação social e política. É um desafio intelectual para todos os que se interessam por estas questões pensar em alternativas eficazes que nos permitirão largar as amarras deste sistema estrutural que diariamente nos aprisiona com a falsa sensação que nos liberta.
• Abandonar as redes sociais em massa, principalmente as controladas pela tecnocracia de Silicon Valley seria uma medida imediata (Trump anunciou a proibição do TikTok nos EUA, por decreto), mas isso provocaria um colapso imediato na economia das empresa e na psicologia das mentes europeias (principalmente nas populações mais jovens). Devemos pensar em medidas que passam pela pedagogia política: evitar a ascensão da extrema-direita ao poder é uma necessidade imperial em nome dos valores democráticos e liberais da europa. A actual Administração de Trump financia muitos movimentos de extrema-direita na europa, porque desta forma, fragilizando as democracias europeias, os EUA têm livre-trânsito para a instalação de uma nova ordem mundial baseada no princípio da putinização da América, esfrangalhando a europa e dividindo-a de uma forma retalhada entre os Impérios Russo e Americano. Evitar a ascensão da extrema-direita, repito, é um mote imperativo para a construção de uma Europa forte, liberal e democrata.
• Requalificar a Europa do ponto de vista do comando institucional: dar unidade à Europa em certos domínios fundamentais que a não fragilizem e potenciem do ponto de vista de quem a olha exteriormente. A Europa apresenta uma unidade muito alicerçada nos princípios fundamentais que viram nascer toda e qualquer cooperação que esteve na base da construção da União Europeia nomeadamente no que respeita à unidade monetária e de apoio económico, social e financeiro entre os diferentes estados-membros. O controlo das taxas de juro perante os elevados índices de inflacção mundiais, o controlo da moeda única perante os mercados, as intransigências do Banco Central Europeu, os apoios solidários entre estados que permitem a implementação do PRR e outras medidas relevantes não nos podem fazer esquecer que existem, hoje, questões prementes que a Europa necessita de dar resposta a uma só voz: migrações e militarização. Estes são os vectores fundamentais em que a Europa precisa de recriar uma nova visão de si mesma pois são eles que, em última instância, espelharão a imagem que os não europeus terão, de certa forma, da Europa. Ursula Von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, e motivada pelo último encontro dos líderes Europeus, já veio anunciar no início de Março de 2025 que “estamos numa era de rearmamento”. Isto é uma declaração inédita na Europa pós Segunda Grande Guerra e expressa a necessidade premente da Europa acordar. O plano de rearmamento implica mobilizar 800 mil milhões de euros propondo regras orçamentais mais flexíveis de forma que o investimento militar não desencadeie num processo de défice excessivo.
• Apostar de forma contínua na pedagogia escolar de forma a garantir que cada Europeu seja instruído ao longo da sua escolarização obrigatória segundo princípios que apoiem e fomentem o valor maior que deve inspirar todo e qualquer sistema educativo: a Liberdade. A consciência e a formação política do indivíduo é hoje uma necessidade, não para que os jovens possam ser instruídos de informação que lhes garanta a sua independência e autonomia financeira, apenas, mas e acima de tudo, que lhes ensine o valor único e inalienável da vida e da existência humana. A liberdade humana é uma condição necessária à formação política dos indivíduos. Em nome desta liberdade devem ser combatidos os extremismos, não apenas da ultra-direita não liberal mas também dos wokismos desenfreados da esquerda caviar. Só neste espírito de moderação progressivo conseguiremos (re)edificar as nossas sociedades plurais, livres e democráticas.
Marcelo Rebelo de Sousa, a síntese institucional de uma posição.
A Europa parece estar a acordar. Foi uma frase imensamente repetida ao longo deste pequeno ensaio. As políticas americanas, apesar de toda a sua demagogia antiliberal têm um único condão positivo: fazer despertar a Europa e perceber que este velho continente já não pode estar dependente (principalmente militarmente) de um Eixo Atlântico encabeçado pelos EUA. A forma de vida que hoje é impulsionada nos EUA e que resultou na eleição democrática do Presidente D. Trump é a prova que um cidadão Europeu está nos antípodas desta visão. Não deixaremos deturpar a liberdade da nossa acção pelo algoritmo manipulado pelo governo mais plutocrata que alguma vez o povo americano elegeu.
De forma não deturpada e lucidamente bem definida, o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, no seu discurso de abertura do Jantar em honra da visita do Presidente da República Francesa, E. Macron, apresentou-se como um exemplo institucional a seguir. De uma forma sucinta, deixou clara a visão que as diferentes instituições democráticas europeias devem seguir tem em vista o objectivo comum que sempre as uniu: a manutenção dos ideais da democracia e da liberdade.
E é sempre em nome da liberdade e pela liberdade que defenderei o sentido último da existência (e essência) humana.
“
Bem-vindos, porque este é um momento crucial na definição de quem é parceiro, aliado e amigo.
Na Ucrânia, na NATO, no Mundo.
Há três anos, a maioria esmagadora do Mundo condenou a intervenção política e militar da Federação Russa na Ucrânia. Por violar Direito Internacional, Carta das Nações Unidas, soberania e integridade territorial.
A nossa Europa foi a primeira a unir-se ao Estado e ao Povo Ucraniano.
Os Estados Unidos da América logo se juntaram à frente dos apoiantes da Ucrânia, com eles outros parceiros da NATO, europeus e não europeus.
De braço dado com a Europa, como nas últimas décadas, a Administração norte-americana agiu, sempre, como parceira, aliada e amiga da Ucrânia e do Povo Ucraniano em guerra, sendo os Estados Unidos o principal contribuinte em armamento decisivo, mas sendo a União Europeia o maior contribuinte global.
E todos sabíamos quem eram e onde estavam os parceiros, aliados e amigos. Tal como sabíamos quem eram e onde estavam os adversários e inimigos.
Três anos depois, o novo Presidente dos Estados Unidos da América rompeu com a orientação do seu antecessor e toda a política externa desde a Segunda Guerra Mundial.
Questionou a soberania do Canadá, aliado na NATO e na Ucrânia e tendo como Chefe de Estado o Rei do Reino Unido, outro aliado tradicional.
Questionou a Administração da Dinamarca, outro aliado na NATO e na Ucrânia, na Gronelândia.
Afirmou o objetivo de paz o mais rápido possível na Ucrânia, assente no entendimento preferencial com a Federação Russa, e sem intervenção europeia.
Quanto à Ucrânia, a nova Administração foi mesclando ataques ao Presidente ucraniano, enunciando condições russas para acordo, com a não admissão da legitimidade do Presidente ucraniano, a não adesão futura à NATO, pondo mesmo em causa as fronteiras internacionalmente fixadas e reconfirmadas em Minsk.
Quanto à União Europeia, a Administração norte-americana juntou à rejeição da participação no processo de paz na Ucrânia, a exigência reforçada do aumento do investimento militar europeu acenando com desinvestimento norte-americano no apoio existente e no apoio para segurança após a guerra.
O Vice-Presidente, em Munique, tornou ainda mais nítida a nova linha no, pronunciou-se sobre a situação política interna nos Estados da União, e interveio em pleno processo eleitoral num desses Estados.
Na passada segunda-feira, nas Nações Unidas, pela primeira vez desde o fim da II Guerra Mundial e da criação da ONU, os Estados Unidos votaram ao lado da Federação Russa, contra os seus aliados europeus e na NATO.
Isto são factos, não são opiniões. Perante eles, só não vê quem não quer ver.
”
Versão completa:
E é sempre em nome da liberdade e pela liberdade que defenderei o sentido último da existência (e essência) humana.
—
Ivo Aguiar
21092
Sobre o Autor
Ivo Aguiar
Leitor omnívoro. Escritor independente. Filosofia, Poesia e Arte em Geral.